Por: Ana Luzia Rodrigues
No dia 16 de setembro o Governo Federal lançou, em parceria com o Banco do Brasil, um cartão de crédito e débito para quem é MEI (Microempreendedor Individual). O produto tem como objetivo formalizar os MEIs e facilitar suas atividades comerciais, mas seu uso deve ser pensado com cuidado.
Durante o evento de lançamento, o ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Márcio França, informou que os MEIs (microempresários individuais), MEs (microempresas) e EPPs (Empresas de Pequeno Porte) representam 27% do PIB nacional, equivalem a 99% dos CNPJs do País, e geram 6 em cada dez empregos criados no Brasil.
Como funciona o Cartão MEI
O cartão funciona tanto na modalidade débito quanto crédito e oferece anuidade zero. Com ele, os MEIs podem parcelar compras, pagar contas e ter acesso a plataformas de capacitação, como o “Liga PJ”, uma plataforma de capacitação gratuita do Banco do Brasil.
Além disso, o cartão traz um QR Code que redireciona ao Portal do Empreendedor, facilitando o acesso a informações e serviços importantes. Apesar de iniciar pelo Banco do Brasil, de acordo com o anúncio, outros bancos também poderão aderir à oferta do cartão no futuro.
Diferenças de outros cartões para PJs
O Cartão MEI apresenta algumas diferenças em relação aos cartões de crédito tradicionais voltados para MEIs oferecidos por bancos privados. São eles:
Anuidade Zero: Assim como alguns bancos digitais, o cartão MEI oferece isenção de anuidade. Enquanto alguns cartões de bancos privados podem cobrar anuidade, a depender do pacote de serviços ou benefícios associados.
Capacitação: Inclui acesso gratuito a plataformas de capacitação, como o Liga PJ, voltado para microempreendedores. Isso difere dos cartões privados, que normalmente não incluem programas de educação ou apoio técnico como parte do pacote.
Foco na Formalização: Um dos principais objetivos do Cartão MEI é incentivar a formalização dos MEIs e facilitar operações comerciais básicas, como o parcelamento de compras e o pagamento de contas, com acesso ao Portal do Empreendedor via QR Code.
Quando vale a pena ou não o MEI usar cartão
O cartão de crédito pode ser uma ferramenta útil para quem é MEI, mas seu uso depende da gestão financeira do negócio e da situação individual de cada microempreendedor.
Por exemplo, se o MEI enfrenta desequilíbrios no fluxo de caixa, o cartão de crédito pode ajudar a cobrir despesas imediatas e a parcelar compras, sem comprometer o orçamento do mês.
Ou seja, é uma boa opção para adquirir equipamentos ou insumos que são essenciais para o crescimento do negócio e cujo pagamento pode ser parcelado, permitindo o uso do capital de giro para outras prioridades.
Usando um cartão exclusivo para as despesas do negócio, o MEI pode separar melhor as finanças pessoais das empresariais, facilitando o controle e planejamento financeiro, o que lá na frente irá ajudá-lo a solicitar um empréstimo para alavancar seu negócio, por exemplo.
Já se o MEI tem dificuldade em controlar os gastos ou está frequentemente atrasando pagamentos, o uso do cartão poderá ser uma armadilha perigosa e levá-lo ao endividamento, já que os juros do crédito rotativo são altos.
O uso do cartão para compras desnecessárias ou que não geram retorno direto para o negócio pode levar a um aumento nas dívidas, prejudicando a saúde financeira da empresa, principalmente se o MEI não separa as despesas pessoais das despesas do negócio.
Além disso, para quem já tem dívidas ou enfrenta dificuldades para pagar contas, o cartão de crédito pode ser uma solução arriscada, pois os juros de atraso podem aumentar rapidamente.
Como fazer o Cartão MEI
Por enquanto, o cartão de crédito está disponível somente pelo Banco do Brasil, ou seja, os interessados devem procurar uma agência da instituição financeira.
A expectativa é que, em breve, outros bancos também comecem a trabalhar com o cartão.
Cuidados com o cartão MEI
O cartão de crédito para o MEI pode ser um aliado importante para a gestão, desde que seja usado de forma consciente, planejada e com o controle adequado?. Para isso seguem algumas dicas. Confira:
1. Separar despesas pessoais das despesas da empresa
É de extrema importância que o cartão de crédito do MEI tenha seu uso exclusivamente para as necessidades do negócio. Misturar as finanças pessoais com as da empresa pode gerar confusão na hora de controlar os gastos, o que dificulta o planejamento financeiro.
2. Planejamento de gastos do MEI
Antes de realizar qualquer compra com o cartão, o MEI deve planejar as despesas e garantir que se pague o valor na data de vencimento. O uso descontrolado do crédito pode gerar dívidas com altos juros, esse descontrole vira uma bola de neve e poderá até levar o MEI à falência.
3. Pagamento da fatura integral
O MEI deve sempre pagar a fatura integral do cartão de crédito. O crédito rotativo (quando o valor total não é pago) tem juros elevados, o que pode aumentar rapidamente o endividamento e prejudicar o fluxo de caixa do negócio.
4. Cuidado com compras parceladas
O parcelamento pode ser uma boa alternativa para diluir os custos de um investimento, mas é preciso ter cautela para não acumular muitas parcelas e comprometer o fluxo de caixa futuro. O MEI deve calcular se os pagamentos mensais cabem no seu orçamento.
5. Monitoramento constante
O controle rigoroso dos gastos é necessário para evitar surpresas. O MEI deve monitorar constantemente as transações no cartão, revisando as faturas e registrando todas as despesas de forma organizada. Isso pode ocorrer em uma planilha, em aplicativos ou até mesmo em um caderninho.
6. Uso do crédito para investimentos
O cartão deve ser utilizado exclusivamente para gastos que tragam retorno para o negócio. Como a compra de equipamentos, insumos ou ferramentas que contribuam diretamente para o crescimento da empresa.
7. Verificar as condições e benefícios
Antes de contratar um cartão de crédito empresarial, o MEI deve avaliar cuidadosamente todas as condições e benefícios oferecidos. Entre elas taxas de juros, isenção de anuidade e programas de recompensas. Uma análise criteriosa garante que o cartão se torne uma ferramenta estratégica para o crescimento, e não um fardo financeiro.
Fonte: Jornal Contábil