Legislação, imposto, adequação do produto, preço, contrato, documentação. Pretende exportar? Há muito em jogo quando se pensa nisso. Para se adequar às exigências do mercado externo, é preciso ter acesso a novas culturas e abrir espaço para trocas de experiências.
Muitos não sabem, por exemplo, que micro e pequenas empresas podem exportar. Ao vender seus produtos em outros mercados, a empresa reduz os riscos dos negócios, que não ficam exclusivamente condicionados ao desempenho da economia brasileira.
Nessa diluição de riscos, uma tomada de decisão importante é conhecer a realidade do comércio exterior na prática. Há alguns anos, Victor Mellão, diretor executivo da Masterint Trade Alimentos, participa de missões empresariais internacionais. No ramo de alimentos e bebidas, o empresário vê nesse tipo de evento uma oportunidade única de interagir e promover produtos.
Foi em uma dessas oportunidades, por exemplo, que Mellão descobriu quais documentos eram necessários para entrar no comércio exterior, seja como visitante ou como exportador, e também se atentou para o fato de que as melhores oportunidades de comércio imediato na Europa dependem de certificações, como IFS ou BRC – que funcionam como garantia de segurança alimentar.
“O mais importante é ter claro que o trabalho em uma feira começa antes do embarque e termina bem depois, mantendo ativo o contato com os visitantes”.
A experiência também mostra que ao participar de missões empresariais com visitas técnicas e encontrar potenciais parceiros para negócios, o empresário entra em contato com a etiqueta do mundo empresarial internacional, entende a necessidade de adequar produtos e catálogos, conhece as dificuldades e busca soluções para sua empresa.
Em sua mais recente missão à Espanha, Mellão diz que pode entrar em contato com empresas de vários países europeus e latino-americanos com maior conhecimento sobre o mercado externo para, enfim, avançar e diversificar em suas parcerias comerciais.
Com o objetivo de promover a internacionalização das pequenas e médias empresas brasileiras e gerar oportunidades de negócios, a SP Chamber of Commerce, departamento para assuntos internacionais da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), organiza missões e assessora os empresários, os levando para conhecer feiras, participar de exposições, conversar com empresários locais e visitar empresas que são referência dos setores nos quais atuam.
Em missões internacionais, a equipe também disponibiliza intérpretes e tradutores para apoiar as MPEs durante as ações de networking. Glória Kang, gerente de relações internacionais da SP Chamber of Commerce, explica que ao participar desse formato, os empresários já começam a ser preparados antes mesmo de embarcar.
Informações sobre mercados e setores internacionais, como estudos sobre países e seu intercâmbio comercial com o Brasil, pesquisas detalhadas a respeito de hábitos de consumo, oportunidades para grupos de produtos, concorrência, canais de distribuição e potenciais compradores nos mercados alvo são alguns dos insights oferecidos ao grupo de cada missão, segundo Glória.
“Também nos antecipamos e trabalhamos na melhoria de imagem de cada negócio, adequando competências relacionadas à gestão estratégica de marketing internacional das empresas”, diz.
Cultura exportadora – Nas palavras de Damaris Eugenia Avila da Costa, presidente do Conselho Brasileiro das Empresas Comerciais Importadoras e Exportadoras (CECIEx) da ACSP, é muito salutar levar informação para que esses empresários possam operar tanto importando quanto exportando através de parceiros comerciais.
Assumir uma nova mentalidade, segundo Damaris, faz com que as empresas passem a tomar decisões mais estratégicas, como explorar o mercado mundial por meio de exportações, importações ou parcerias. Tudo isso as torna mais competitivas, resilientes e com maior oportunidade de crescimento.
“Quando o empresário começa a entender a importância do mercado externo e a crescer com isso, percebe que essas missões o atualizam e trazem novas descobertas”, diz.
Estar em contato com profissionais especializados, ganhar maior eficiência no matchmaking, usufruir de uma estrutura pronta, receber informações mais relevantes e detalhadas são algumas das vantagens que levaram Gustavo Von Kruger para a missão comercial a Dubai do Ceciex e da Apex-Brasil, apoiada pela São Paulo Chamber of Commerce, da Associação Comercial de São Paulo.
“Esses detalhes nos permitem concentrar em nossos negócios e ter melhor produtividade em nossa prospecção. Além disso, algumas possíveis enrascadas passariam despercebidas sem esse apoio (de uma missão)”.
No caso específico de Dubai, Gustavo destaca que a visita despertou seu interesse para a estrutura de Zonas Francas como um novo elemento a ser explorado em seus negócios, assim como algumas parcerias potenciais locais.
Nas palavras do empresário, esse tipo de experiência permite conhecer iniciativas que incentivam a ser mais inovador e competitivo, bem como ter maior planejamento de longo prazo, garantindo maior segurança na tomada de decisões e assegurando receitas em moeda forte como o dólar ou o euro.
Fonte: Contádores